À descoberta do Pe. Jacob....

Nasceu a 06-06-1968
Foi ordenado padre a 04-04-1994
Paróquia: Parathanam
Diocese: Palai

Enquanto criança, com os seus 5 anos, o tio de Jacob recebeu a ordenação de presbítero e ele fez a sua primeira comunhão. Foi uma grande festa para a família. Recebeu a sua primeira comunhão, na primeira Missa do tio que tinha acabado de ser ordenado padre. O seu avô, o qual juntou toda a família para a primeira comunhão, era um bom colaborador da Igreja. O padre é a cabeça espiritual e os leigos são aqueles que o ajudam, neste caso, o seu avô.
O avô pediu então permissão ao Pároco para que Jacob fizesse a sua primeira comunhão e ele disse-lhe: “Se ele aprende bem, pode fazer a primeira comunhão”. Contudo, Jacob diz que não tinha aprendido muito, pois tinha 5 anos. O Pároco fez-lhe então um grande questionário, no qual pediu a Jacob que rezasse um Pai-Nosso e uma Ave-Maria e, tendo conseguido superar o teste, estava apto para fazer a primeira comunhão. E assim foi.
Nesta altura, a Igreja estava a precisar de acólitos e estes, podiam ser todos aqueles que fizessem a sua primeira comunhão. Mais uma vez, o avô pediu ao Pároco para que Jacob fosse acólito e ele aceitou. Então, no 2º ano de catequese, Jacob começou a acolitar. Desde a sua entrada para o grupo de acólitos, até à sua entrada para o Seminário, Jacob acolitou todos os dias, sem falta. Nesta altura, a sua mãe dizia que ele iria ser um bom padre, bem como os paroquianos que contavam que ele iria ser seminarista e esta ideia ficou-lhe na cabeça.
Quando andava na escola, por volta do 10º ano, surgiu-lhe uma dúvida: ir para o Seminário ou ir para os E.U.A. para ganhar dinheiro? Nesta altura estava o padre Erimattathil Abraham na Paróquia. O avô também era colaborador dele. Nas costas de Jacob, o seu avô perguntou a este padre qual era a data para ir para o Seminário e o padre diz-lhe que a data já tinha passado. Ao ouvir isto, passou em casa dele e chamou a família (pai e mãe) e, em frente desta, perguntou a Jacob se ele queria ir para o Seminário. Ele estava com dúvidas e, por isso, nessa altura, não podia dizer nada ao avô. Na mesma, disse sim. Então, o avô mandou-o ao Pároco que lhe perguntou o mesmo e no fim de lhe ter perguntado, o padre disse que parecia que ele não tinha uma vocação muito boa.
Jacob preparava-se para fazer o ultimo exame do 10º ano, o qual era muito decisivo. É o exame mais importante pois é decisivo para se passar para o secundário (o período escolar da Índia é diferente do nosso). Todos pensavam que Jacob iria ter mais de 85 marks (85%) porque ele era muito bom estudante. O seu tio dos E.U.A. prometeu-lhe que se ele tivesse 60 marks, que iria para os E.U.A. Segundo as suas contas, se tivesse mais, ia para os E.U.A. e se tivesse menos ia para o Seminário. Nesta altura, o dinheiro falava mais alto do que Deus. Então, quando recebeu a nota do exame, saiu-lhe um 59,5%. Diz ele que foi um milagre. Ninguém conseguia explicar porque isso tinha acontecido pois esperavam mais dele. Nesta altura, podia-se pedir ao governo para verificar mais uma vez o exame, mas não o fez. Os professores queriam mandar o exame para nova verificação e uma freira, também sua professora, sabendo que ele queria ir para o seminário, disse-lhe: “Essa é a vontade de Deus, tu vais para o Seminário”. Esta freira professora, contou então aos outros professores que Jacob ia para o Seminário. Ele era bom aluno a tudo menos a hindu, cadeira dada pela freira. Contrariamente ao irmão, a sua irmã era muito boa aluna a hindu, tendo sempre a classificação de 95 marks. Assim sendo, a freira pediu à irmã de Jacob que lhe desse aulas e ele queria escapar disso. No entanto, depois de aprender, conseguiu alcançar no exame final 60 marks. Nessa altura, pediu para ir ao Seminário.
Foi visitar o reitor e nesta altura todas as coisas estavam prontas para a sua entrada. Estávamos no ano de 1982. Entretanto, ouve um amigo que lhe perguntou se ele ia ao Seminário e ele, envergonhado, disse que sim. Então, esse amigo contou a todos os outros amigos da terra até que toda a gente ficou a saber que ele ia entrar no Seminário. Agora ficava o problema: se ficasse na terra, era motivo de vergonha; se fosse para o Seminário, não ia para os E.U.A. Jacob decidiu ir para o Seminário. Saiu da sua terra.
Entretanto teve entrevista com o Bispo que escolhe os garotos para o Seminário. Nessa conversa, além de pedir os dados dele, pediu-lhe também para rezar uma parte do terço. Sem problema, pois sabia isso muito bem, Jacob rezou. Insistindo, o Bispo perguntou-lhe: “O que é o Sínodo do Papa?” Mais uma vez, sem problema, Jacob deu uma boa resposta e o Bispo viu que ele sabia tudo muito bem e disse-lhe que ele podia ir para o Seminário. A entrevista aos candidatos para o Seminário, na Índia, pelo Bispo, compreende sempre duas partes: perguntar pela vida cristã (pedir para rezar o terço) e se era inteligente e sabia cultura geral (perguntar, por exemplo, pelo Sínodo do Papa). Haviam mais de 120 rapazes candidatos para entrar no Seminário e apenas 30 passaram e entraram. Não há espaço no Seminário para todos.
O 1º mês de Jacob enquanto seminarista correu muito mal, ao ponto de decidir sair do Seminário. No Seminário não há muitos trabalhadores. São os próprios seminaristas que lavam a roupa e a casa. Para um período de 2 a 3 semanas eram escolhidos 2 seminaristas que, no decorrer dessas semanas, tinham de tratar da limpeza da casa. Para Jacob, isso era motivo de vergonha pois na sua casa, os homens não faziam isto, diz ele. Então, nessa altura andava um pouco triste com a proximidade da data das suas duas semanas de trabalho no Seminário na limpeza da casa. Contudo, Jacob tinha um irmão no 3º ano do Seminário que o ajudou a enfrentar o problema. No entanto, ele já tinha tudo preparado para se ir embora (mala e tudo) e queria fugir à noite, sem que ninguém desse por nada. Estavam todos a dormir num dormitório, pois não haviam quartos, e nesse dormitório, como nos restantes, havia um irmão mais velho com eles, responsável por essa sala. Então, às 0:00, Jacob abriu a porta para sair e deparou-se com uns cães que começaram a fazer barulho. Como ainda ali estava à pouco tempo, não sabia da presença desses cães. De seguida, fechou a porta e o responsável acordou. Este perguntou-lhe o que ele queria fazer e Jacob, disse que queria fazer chi-chi, mentindo. Nessa sala não havia casa de banho. O irmão já tinha boa relação com esses cães, pois já lá estava há 53 anos. Então, ele saiu para fazer chi-chi (expressão do Pe. Jacob) e depois voltou, não querendo já ir embora. A partir de então, não teve quaisquer dúvidas relativamente à sua vocação.
Esteve três anos no Seminário Primário (Vocacional). Esteve aqui com 15 anos de idade. Aos 18, passou para o Seminário Maior onde fez os estudos de filosofia (3 anos), recebendo licenciatura em filosofia e, depois teve um ano passado a trabalhar na Diocese, ano este que servia para cada um pensar bem naquilo que queria fazer. Arriscar ou não? Fazer Teologia ou não?
Depois deste ano passado em trabalho na Diocese, Jacob passa para outro Seminário, o St. Joseph Pontifical Seminary com 410 alunos, para estudar Teologia. Esteve aqui 4 anos. Na totalidade, esteve em formação 11 anos até à sua ordenação de presbítero. Saindo deste, recebeu a ordenação de diácono a 22 de Dezembro de 1992 e depois a de sacerdote a 4 de Abril de 1994.
Após a ordenação, foi nomeado Vigário Paroquial durante 7 anos em quatro Paróquias pois lá existem muitos padres ordenados (de todos, só os mais velhos são párocos após a ordenação). E o Pe. Jacob esperou alguns anos até ser pároco, mas nunca o foi lá. Depois de 7 anos, o Bispo pediu-lhe para que fosse director social da Diocese. Esteve neste cargo 5 anos. Este era um trabalho muito importante na Diocese. A posição deste trabalho era igual à dos Cónegos em Portugal. Foi também membro do Concílio Pastoral. Com tanto trabalho, não havia quase tempo para almoçar. Na casa do Bispo, depois da uma hora já ninguém almoçava. Contudo, um dia, o Pe. Jacob chegou À Casa do Bispo às duas horas e quando, com sorte começou a almoçar, o Bispo também apareceu, atrasado, para o almoço e, no seu decorrer, o Bispo disse-lhe que queria falar com ele de um assunto importante. Então, após o almoço, o Bispo diz-lhe que queria enviar 2 padres para Portugal e perguntou-lhe se ele queria ser um deles. Não querendo dizer não, pediu ao Bispo 2 dias para pensar pois ele tinha nas suas mãos uma grande obra que estava a fazer e largá-la, era para ele muito difícil. Quatro dias passaram e Jacob não apareceu diante do Bispo para lhe dar a resposta. O Bispo tem um chanceler e este disse-lhe que talvez o Pe. Jacob não fosse aceitar pois já tinha passado muito tempo sem ele dizer nada. Então, o Bispo ficou um bocadinho triste. Ainda nem um nem outro tinham aceite o convite. O Bispo queria mandar dois padres… como era? O Bispo enviou então o chanceler para falar com ele e o Pe. Jacob disse-lhe que, se ninguém aceitasse, ele iria aceitar. Então, começou a preparar as coisas e sete meses depois, em 2007, veio para Portugal, ficando no Seminário dos Olivais onde aprendeu português. Esteve lá quatro meses. Depois foi para Igreja de São Francisco Xavier onde esteve menos de dois meses porque nesta altura iam começar as obras da nova Igreja. Entretanto, esteve também de passagem pela Paróquia de Linda-a-Velha.
Com o agravar da doença do Pe. Chico e consequentemente com a sua morte, os assaltos na Igreja foram-se sucedendo. Viu-se que era preciso um padre para a Paróquia. Então, o Padre Tito que estava no Patriarcado disse ao Patriarca o que fazer com a Paróquia. O PE. Tito disse que era preciso um padre com cinturão preto para enviar para a Paróquia. Então, nessa altura, chamaram o Pe. Jacob para a Paróquia onde tem estado até então. A 5 de Outubro deste ano, irá tomar posse como Pároco da Paróquia de Nossa Senhora da Fé de Monte Abraão onde esperamos que fique durante alguns anos…